Thursday, December 10, 2009

Aqueles olhos brilhantes...

Ah! Esses meninos militantes,
são apaixonantes, essa é a verdade!
Mas o que neles cativa tanto?
Sobra neles o que muito me falta...

Aqueles olhos brilhantes

Ah! A luta a qualquer preço
A defesa da sua ideologia
Aquela ideologia que parece..
Que pode comportar o mundo

Aqueles sonhos de vidro

E como é difícil entender
Como movimentos de cristal
Sobrevivem a políticas rochosas
Na triste realidade de concreto

Aquele brilho eterno

Ah! E porque eu não consigo tanto?
Deve ser por tanto de mim
Ter medo de se entregar a esses sonhos
Mesmo com eles morando em mim,

Aquela criança assustada

Mas eu escondo o cristal no bolso
Enquanto eles lutam com o brilhante pendurado no pescoço,
balançando no peito,
No ritmo das passeata ou dos passos largos do enfrentamento.

Aqueles olhos brilhantes

Aqueles fazem brilhar os meus
Sempre reacendendo esperanças
Trazendo expectativas de mundos melhores
Deixando inquieto o cristal que quer deixar de pulsar apenas no bolso.

...!

Monday, December 07, 2009

tanto tempo.

Estou!




afundando...



tomada por uma tristeza
com gosto de nada
desagradável gosto de nada
.
.
.

.
.
medo de tudo

Saturday, December 05, 2009

...dobro em você

quero ser mais de mim...
em cada um de seus risos tolos
frases sem sentido
sou mais de mim.
em cada momento que divido com você
e o sinto em divisão comigo
sou mais de mim...

em estado de apaixonamento
vou me dividindo
e sendo cada vez mais de mim mesma...
um eu que se faz em duplos sorrisos
duplas consciências
em ecos de sentido
...!

.kki

Não quero pensar no que você está fazendo agora.
Eu, estou pensando em você.
ouvindo o cd que me deu, as músicas que você escolheu...

Não desejo pensar no que você está fazendo agora...
Não quero saber!
Saber o que eu faço e em que penso já é suficiente.

Tuesday, December 01, 2009

Jacques Brel

E tudo que eu tento esconder em gestos, ele teve coragem, a anos atrás.. de mostrar...
sem culpa, sem medo, com tanta emoção que não consigo parar de pensar naquele rosto...

http://www.youtube.com/watch?v=zIP9UHtvk1g


...!
* O operário em construção
E o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o Diabo:– Dar-te-ei todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue e dou-o a quem quero; portanto, se tu me adorares, tudo será teu.E Jesus, respondendo, disse-lhe:– Vai-te, Satanás; porque está escrito: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás.Lucas, cap. V, vs. 5-8.Era ele que erguia casasOnde antes só havia chão.Como um pássaro sem asasEle subia com as casasQue lhe brotavam da mão.Mas tudo desconheciaDe sua grande missão:Não sabia, por exemploQue a casa de um homem é um temploUm templo sem religiãoComo tampouco sabiaQue a casa que ele faziaSendo a sua liberdadeEra a sua escravidão.De fato, como podiaUm operário em construçãoCompreender por que um tijoloValia mais do que um pão?Tijolos ele empilhavaCom pá, cimento e esquadriaQuanto ao pão, ele o comia...Mas fosse comer tijolo!E assim o operário iaCom suor e com cimentoErguendo uma casa aquiAdiante um apartamentoAlém uma igreja, à frenteUm quartel e uma prisão:Prisão de que sofreriaNão fosse, eventualmenteUm operário em construção.Mas ele desconheciaEsse fato extraordinário:Que o operário faz a coisaE a coisa faz o operário.De forma que, certo diaÀ mesa, ao cortar o pãoO operário foi tomadoDe uma súbita emoçãoAo constatar assombradoQue tudo naquela mesa– Garrafa, prato, facão – Era ele quem os fazia Ele, um humilde operário, Um operário em construção. Olhou em torno: gamela Banco, enxerga, caldeirão Vidro, parede, janela Casa, cidade, nação! Tudo, tudo o que existia Era ele quem o fazia Ele, um humilde operário Um operário que sabia Exercer a profissão.Ah, homens de pensamento Não sabereis nunca o quanto Aquele humilde operário Soube naquele momento! Naquela casa vazia Que ele mesmo levantara Um mundo novo nascia De que sequer suspeitava. O operário emocionado Olhou sua própria mão Sua rude mão de operário De operário em construção E olhando bem para ela Teve um segundo a impressão De que não havia no mundo Coisa que fosse mais bela.Foi dentro da compreensãoDesse instante solitárioQue, tal sua construçãoCresceu também o operário.Cresceu em alto e profundoEm largo e no coraçãoE como tudo que cresceEle não cresceu em vãoPois além do que sabia– Exercer a profissão –O operário adquiriuUma nova dimensão:A dimensão da poesia.E um fato novo se viuQue a todos admirava:O que o operário diziaOutro operário escutava.E foi assim que o operárioDo edifício em construçãoQue sempre dizia simComeçou a dizer não.E aprendeu a notar coisasA que não dava atenção:Notou que sua marmitaEra o prato do patrãoQue sua cerveja pretaEra o uísque do patrãoQue seu macacão de zuarteEra o terno do patrãoQue o casebre onde moravaEra a mansão do patrãoQue seus dois pés andarilhosEram as rodas do patrãoQue a dureza do seu diaEra a noite do patrãoQue sua imensa fadigaEra amiga do patrão.E o operário disse: Não!E o operário fez-se forteNa sua resolução.Como era de se esperarAs bocas da delaçãoComeçaram a dizer coisasAos ouvidos do patrão.Mas o patrão não queriaNenhuma preocupação– "Convençam-no" do contrário –Disse ele sobre o operárioE ao dizer isso sorria.Dia seguinte, o operárioAo sair da construçãoViu-se súbito cercadoDos homens da delaçãoE sofreu, por destinadoSua primeira agressão.Teve seu rosto cuspidoTeve seu braço quebradoMas quando foi perguntadoO operário disse: Não!Em vão sofrera o operárioSua primeira agressãoMuitas outras se seguiramMuitas outras seguirão.Porém, por imprescindívelAo edifício em construçãoSeu trabalho prosseguiaE todo o seu sofrimentoMisturava-se ao cimentoDa construção que crescia..*