Thursday, October 15, 2015

Pensando sobre coisas.

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Escrever é ouvir a si mesmo.
Tenho feito pouco esse exercício. Falta de tempo, falta de ânimo e falta de espaço em mim para ouvir a mim mesma.
Pensar sobre nós mesmos as vezes é deixado de lado. Afinal, precisamos pensar nas disciplinas da graduação ou do mestrado, no grupo de pesquisa, na pesquisa individual, na qualificação com prazos atrasados, em todos os outros prazos atrasados (até mesmo do livro da biblioteca), nas contas pra pagar, nas notificações do facebook, na barra de energia do meu joguinho favorito que já encheu e já me deixa jogar mais uma fase...
Pontos não faltam. Até porque... pensar em si pode ser visto como um problema num mundo que combate o individualismo. A questão é entender que dar espaço a si mesmo não é a mesma coisa que levar em conta apenas a opinião de seu próprio umbigo. (meu umbigo tem opinião, o seu não?).
Sempre que tento ter um espaço para mim percebo que não tenho espaço mental, nem tão pouco físico para que isso aconteça.
Sinto-me enclausurada. Minha vida tem sido uma prisão nas vontades de meus pais.
Não saber trabalhar bem isso fez com que eu desenvolvesse uma espécie de raiva. Isso não é legal... Consigo reconhecer neles muitas partes boas de como escolheram me criar, mas isso fica mais dificil com o passar dos anos. Eles não percebem que eu cresci, amadureci emocionalmente, quero sair de casa, quero tomar minhas decisões, quero viver minha vida a partir das minhas decisões mesmo que isso signifique levar um tombo.
Afinal, o que pode acontecer? Machucar? Tanta coisa já me machucou na vida e isso nunca impediu que eu tentasse outra vez (pode se ler errasse outra vez nessa frase...)

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Ultimamente não sei lidar com decisões. Mas as decisões que tenho que tomar são mais complicadas que antes. 
Um dia achei que pudesse ser uma grande escritora.. HA HA HA.
No mundo de hoje esse sonho teria que ser reconfigurado para uma grande garota com vídeos no youtube.. Ninguém tem mais saco pra ler textos (desculpem pelas palavras, mas é isso mesmo!). Eu me pego com preguiça de ler artigos ate o final.. Como esperar outra ação do resto do mundo?
Ouvir as pessoas contarem histórias engraçadas num vídeo que demoro só cindo minutos faz com que o tempo pareça estar sendo compartilhado com aquela pessoa e não apenas com uma máquina, como no caso da leitura do texto no computador.
Se antes os livros podiam ser seus melhores amigos hoje isso mudou... hoje a youtuber que você talvez nunca veja pessoalmente pode te trazer essa sensação. (Sinto isso com algumas que acompanho - FATOO!) e os livros? Ainda ficam lindos na estante... Mas a sensação que eles te trazem parece não ser tão imediata nem tão direta quanto ver a pessoa falando, ver seus trejeitos e seus cachorros latindo ao fundo. Por que, claro, não sei se você já reparou, mas ter um cachorro, erros e partes engraçadas da filmagem e, as vezes, uma pessoa por trás das câmeras, que você não conhece o rosto, parecem ser elementos obrigatórios para o sucesso de minutos de um vídeo.
Mas e o texto? As palavras escritas parecem que não trazem mais aquele aconchego e nem conseguem transmitir as caretas e os latidos dos cães...
Mesmo assim falar sobre questões diárias que me deixam com pequenas crises ou grandes incômodos parece importante nesse momento.
Caso não seja importante para você, é sempre bom lembrar, é importante para mim. Pois preciso dar ouvidos a mim mesma.